Conversando com alguns autores

Içami Tiba

COLUNA DO IÇAMI TIBA

O dizer "não" na educação








É muito comum os pais se queixarem que seus filhos não atendem aos nãos que eles lhes falam, ordenam, pedem, imploram ou mesmo quando  dão a entender...
Esta desobediência ao não dos pais é globalizada. Praticamente todas as crianças do planeta custam a obedecer os seus pais. Há exceções, que são raras, que confirmam a regra de que os filhos hoje estão desobedientes aos seus pais.
É bastante comum eu ouvir este lamento de mães dito com um grande desânimo: Meu filho não me obedece, grita comigo, faz só o que quer, me agride, me ofende... Então eu pergunto: Quantos anos ele tem?  Elas respondem: 2 anos!
Como pode uma criança de dois anos de idade tumultuar tanto a vida da sua mãe?
Digo com bastante convicção que é devido ao que o filho recebeu, como educação ou não, do que lhe aconteceu desde que nasceu. Raríssimos são os casos em que as crianças nascem desobedientes, como doenças psiquiátricas e graves transtornos psicológicos e de caráter. A maioria nasce absolutamente normal e vai se tornando inadequada ou deseducada aos poucos.
Um nenê que durma no colo para depois ser colocado no bercinho já começa um costume errado, pois lugar de dormir passa ser o colo e não o berço. Se, cada vez que acorda durante a noite, ele é pego no colo ele aprende que berço não é lugar para ele ficar, e passa a reivindicar a ficar no colo, onde irá adormecer. O nenê começa a formar a imagem de que só deve ir ao berço quando já estiver dormindo. Assim se ele for colocado no berço ainda acordado, ele se recusará a ficar no berço e criará mil desculpas próprias da idade para não ficar no berço. Sem dúvida é muito gostoso dormir no calor, no balanço e no afeto de um colo do que no bercinho. Não é natural no ser humano acordar em um lugar que ele não deitou.  Enquanto ele nada sabe, ele dorme em qualquer lugar, portanto ele após arrotar o que mamou deve ser colocado de lado no berço para dormir, por mais que os adultos queiram lhe dar colo. O nenê chorar no berço, gritar, dizer palavras incompreensíveis etc é uma defesa natural por preferir fazer o que aprendeu, dormir no colo. Ele já sabe que está lutando por um direito que ganhou dos pais que queriam muito mais agradá-lo do que não o educar. O nenê não está desrespeitando ninguém. São os adultos à sua volta que não souberam educá-lo a dormir sozinho no berço. Quem aprende dormir no colo não quer saber se naquela noite os pais não têm como dar-lhe colo. Ele luta para dormir no que já se acostumou: o colo.
Um ponto muito importante que todos os humanos deveriam saber é: “Ninguém sente falta do que não conhece, mas arca com suas consequências”.
Todos sabem que lugar do bebê dormir é no berço e não no colo, mas como a maioria não sabe que o local do bebê adormecer também deve ser no berço, arcam com as conseqüências de um bebê que acaba atrapalhando o sono dos pais e muitas vezes até separando os cônjuges. Amor é muito bom, mas não resolve este problema das noites mal dormidas de todos na família. Não é errando que se aprende, mas sim corrigindo o erro.
Assim também muitos nãos dos pais não são obedecidos principalmente pelos filhos:
  • que percebem que o não pode ser transformado em sim;
  • que nada lhe acontece se não obedecer ao não e continuar fazendo o que queria;
  • que os pais num dia dizem sim e noutro, não;
  • que basta questioná-los que eles deixam quando os pais não têm respostas;
  • que a boca diz não, mas os olhos dizem sim;
  • que a palavra diz não, mas todo o comportamento diz sim;
  • que o agora não se transforma em daqui a pouco pode.



Içami Tiba

COLUNA DO IÇAMI TIBA

Pais, filhos e "amigos virtuais" dos filhos


Sempre foi, é e deverá ser uma preocupação educativa dos pais saberem com quem andam os seus filhos.
Não tem como os pais tentarem terceirizar a educação dos filhos, pois educação é algo maior do que simplesmente amar de paixão, orientar, prover, agradar, ser amigo, perdoar, cuidar, ensinar, divertir, rezar, garantir a segurança, responsabilizar-se por eles. Educar é preparar hoje o cidadão do futuro.
Atualmente não é raro encontrar pais que delegam à escola a educação dos seus filhos.  Quando um aluno “apronta” e a escola convoca seus pais para uma reunião, estes geralmente atribuem a responsabilidade à escola e cobram dela medidas educativas. 
Pela Teoria Psicodramática, criada por Jacob Levi Moreno (1889-1974), os papéis são complementares ( pai/filho - mãe/filho - psiquiatra/paciente - motorista/passageiro -  professor/aluno - avô/neto - avó/neto - patrão/empregado - chefe/subordinado - tio/sobrinho) ou idênticos ( amigo/amigo - colega/colega - irmão/irmão).
A única complementação biológica correta é a complementação pais-filho(s) e não professor/filho (mesmo que seja filho do professor, o papel complementar em ação é o professor/aluno)  É esta complementação que a Lei segue e se não houver pai ou mãe, a Lei determina um adulto ou instituição que possa se responsabilizar por ele, enquanto for considerado menor ou incapaz.
Para corroborar este fato vem a realidade mostrando que quando um jovem por qualquer motivo vai à delegacia, ou pronto-socorro, ou necrotério, nenhum professor, nem diretor, nem motorista jamais foi ou é chamado. Os chamados são sempre os pais. ...e mais, filhos são para sempre enquanto para a escola o aluno é um transeunte curricular.
Portanto, não há saídas. A educação na formação de valores cidadãos é da responsabilidade dos pais. Os pais têm de controlar tudo o que os filhos recebem, seja o que for: alimentos, conhecimentos, pessoas à sua volta etc. Quanto mais vulneráveis, mais os filhos devem ser controlados. Quanto mais responsáveis, maiores autonomias terão.  Não se entrega a direção de um carro pelo simples desejo de um filho querer dirigir. Assim também os pais têm que saber com quem seus filhos estão se relacionando - presencial ou virtualmente. Muitos pais fornecem Internet para seus filhos e autorizam-nos a usá-la livremente. Assim, os filhos recebem, na intimidade da sua casa, pessoas estranhas que se fazem conhecidas virtuais na intimidade de suas famílias. Não raro, estes estranhos ganham mais força que os seus próprios pais e pedem sigilo para suas ações nem sempre boas, ou melhor, geralmente, malévolas, pois para as boas não necessitariam de alianças sigilosas. É assim que pedófilos conseguem seduzir crianças que se escondem dos seus próprios pais. Eles se mostram muito mais agradáveis, afetivos, interessados, generosos, dedicados do que os adultos que têm em casa...
Não confundir negligência dos pais com o respeito à individualidade do filho.  Soltar um incapaz no mundo virtual é o mesmo do que soltar uma criança sozinha numa feira livre, num festival musical, num circo em dia de apresentação...
Ser pai amigo é negligenciar a educação, negar ser guia, mentor e responsável pelo filho, pois não há complementaridade saudável no relacionamento amigo/filho nem pai(mãe)/amigo e se amigo tem amigo, filho tem que ter pai (mãe). 



Içami Tiba

 IÇAMI TIBA

Alunos deficientes


A maioria dos professores sabe que em uma sala de aula não há um aluno que seja idêntico a outro, como em qualquer outro ambiente em que se juntem pessoas como na família, na escola, na igreja, no trabalho, na sociedade, onde quer que seja. No planeta, cada terráqueo é um ser humano distinto do outro com suas características pessoais que nenhum outro terá totalmente idêntica.
O que diferencia um humano do outro são, na sua imensa maioria, os padrões e traços adquiridos após o nascimento através da infinita capacidade que os humanos têm de absorção, de aprendizagem, de desenvolvimento e de práticas constantes,como cultura, religião, idioma, habilidades específicas, alimentação, padrões sexuais etc.
O nosso nascimento dependeu de uma união de óvulo e espermatozoide em um ambiente adequado, útero ou similar artificial. Num mesmo país, depende da região em que se nasce, da família do qual nasceu, das condições locais de saúde, cultura, costumes, nível social, financeiro, religioso etc. Ninguém nasce por vontade própria. Mesmo a própria condição da família é diferente a cada nascimento de um filho, o que o torna diferente dos demais irmãos. Por mais que as variáveis sejam parecidas, cada filho é resultado de uma soma que ninguém ainda conseguiu calcular o número exato de quantas ações, reações e interações químicas, bioquímicas, fisiológicas, aconteceram para se chegar ao DNA de cada um...
Somos todos resultados de um sem-número, portanto, quase infinito, de crescimentos, desenvolvimentos, associações positivas e negativas que torna totalmente impossível encontrarmos dois seres humanos totalmente idênticos. Ponto final.
Partindo desta ideia de que somos totalmente independentes e muito diferentes uns dos outros, estabelecemos um padrão comum encontrado para subdividir os humanos em grupos. Os que pertencem e os que não pertencem a um padrão médio de funcionamento. Se escolhermos um padrão médio de funcionamento humano, seja o da locomoção, da audição, da visão, da articulação da voz, da inteligência racional, encontraremos os fora deste padrão como o paraplégico, o surdo, o cego, o mudo, o deficiente mental etc. Todos estes são deficientes em relação ao padrão considerado -  portanto são diferentes da média, mas não são desiguais. Todos devem receber o que lhes são devidos, principalmente na educação.
Estarão as famílias, as escolas, a sociedade preparadas para educarem pessoas deficientes? Com certeza, não. Os diferentes até há pouco tempo eram isoladas pelos “normais” (que têm o padrão médio considerado), e pouco se fazia para integrá-los à sociedade.
Existe ainda hoje o preconceito contra os deficientes quando trata estes seres humanos que têm, com certeza, outros padrões que se encaixam na “normalidade”, rejeitando-o como um todo. Inclusive este preconceito existe e por ser negado e não enfrentado e superado, os professores “normais” não estão sendo preparados nas suas formações acadêmicas para atender os alunos deficientes junto com os “normais”.  O ensinar o deficiente tem suas características específicas e, agrupá-los em algumas atividades específicas determinadas pelas suas dificuldades, torna-se tão necessário quanto valorizar seus padrões não diferentes, incluindo-os em atividades comuns. 
Como pode um professor em sala de aula atender pessoas deficientes no meio de tantos “normais”? Como pode um professor deixar de atender alunos deficientes se sua matéria não depende do padrão deficiente que um aluno tenha para aprender?
Estamos ainda muito próximos do jurássico comportamento de isolar o deficiente quando o que ele mais precisa é  ser ajudado a ser integrado, tanto pelos “normais” quanto por ele mesmo.



Içami Tiba

 IÇAMI TIBA

Como saber se você seria um bom professor?


Não há limites para o ser humano a não serem aqueles que ele os coloque para si mesmo. Nem todos os limites são conscientes. Muitos até pensam  ou acham que vão conseguir superar, mas não têm empenho, disciplina, conhecimentos suficientes, foco, visão, assertividade, constância, comprometimento, eficácia - e acabam não conseguindo. Depois, argumentam-se para si mesmos dizendo que fizeram tudo o que podiam e deviam. Melhor seria impossível fazer. 
Está claro que algumas profissões exigem mais algumas especificidades que são essenciais que para outras não seriam. 
Segundo Malcolm Gladwell, no seu livro Fora de Série, qualquer pessoa que pratique por 10.000 horas qualquer atividade, torna-se excepcional nela. Uma média de 3 horas ao dia por 10 anos. Qualquer pessoa que praticasse ministrar 6 aulas por dia, em 5 anos seria uma excelente professora. Os Beatles tinham mais de 10.000 horas tocadas em shows e baladas antes de atingir o sucesso mundial.
Mas por que encontramos alguns professores com mais de 10 anos de atividade, às vezes até 30 anos, cujas aulas são medíocres?
Provavelmente uma das principais causas seria: ministrou todas as aulas, uma igual a outra, sem tirar nem pôr, sem interesse em melhorar, atualizar ou adequar aos variados públicos. É como se usasse a mesma ficha amarelada pelo tempo de uso ou uma mente que marcou passo no que decorou quando estudante. Não deu um passo além. Reduziu sua Performance a Zero. 
Pensemos somente no prejuízo que tal professor provocou em 30 anos nos seus alunos. Se for de matemática então, quem sabe interferiu nas escolhas das carreiras dos seus alunos a profissões que não usasse matemática...
Qualquer pessoa pode ser um bom professor se, antes mesmo de escolher esta carreira: (1) já gostasse de lidar com diferentes tipos de pessoas, (2) tivesse a alegria de ensinar, (3) sentisse prazer em aprender o que não soubesse e em ensinar o que soubesse para quem quisesse aprender, (4) adorasse novidades, (5)  buscasse sempre conhecer mais sobre algum tema que lhe interessasse, (6) não se incomodasse em ler nas mais variadas fontes, (7) participasse com facilidade de atividades com grupos ou individuais, (8) tivesse paciência para ouvir várias vezes a mesma história de diferentes pessoas, (9) não se irritasse em ser questionada, (9) fosse adaptável a diversas situações de convivência humana, (10) estabelecesse bom contato com pessoas de diferentes origens, credos, culturas, níveis sócio-econômicos, idades etc.
Mesmo que não tivesse as condições acima relacionadas, nada impede que elas possam ser aprendidas, treinadas e desenvolvidas. O ser humano tem capacidades incríveis que somente se mostram quando estimuladas. Nada existe que após 10.000 horas de prática, não torne o praticante em um expert no tema.
Para o ser humano tudo pode parecer difícil, complicado e impossível de ser feito se nada souber, mas tudo torna-se fácil, realizável e prazeroso quando se aprende. O saber é uma questão de busca pessoal, pois o conhecimento é uma construção individual. Podemos ser bombardeados por informações das mais variadas fontes, porém somente registramos o que conhecemos. O aprendizado é transformar as informações recebidas em conhecimentos.
Um bom professor não nasce pronto. É na prática que ele vai se formando, na paciência que vai se adquirindo, pelas tentativas de buscar melhores soluções que vai descobrindo os melhores caminhos, pois o relacionamento professor-aluno não nasce pronto, mas é construído ao longo de sua existência. 

IÇAMI TIBA

Içami Tiba é psiquiatra e educador. Escreveu "Pais e Educadores de Alta Performance", "Quem Ama, Educa!" e mais 28 livros


LEITURAS DEPROFESSORES: UMA TEORIA DA PRÁTICA
        
 Este trabalho filia-se à linha de pesquisa Leitura, Escrita e Ensino de Língua Portuguesa. Nele, são apresentados resultados de pesquisa emandamento em que se procura identificar que leituras os professores fazem em seu tempo livre e que destino dão a elas, particularmente se as compartilham com seus alunos. Procura-se verificar também se a transposição dessas leituras para situações de ensino favorece a aprendizagem, despertando ou mantendo o interesse dos alunos pela leitura. Com isso, espera-se obter subsídios que possam orientar a ação pedagógica de professores, particularmente no que se refere às atividades em sala de aula que envolvam leitura de textos verbais.  
Toma-se por hipótese que, se os professores levarem para as práticas cotidianas de sala de aula leituras que fazem em seu tempo livre, compartilhando-as com seus alunos, criarão no espaço escolar condições mais adequadas para despertar ou manter o interesse pela leitura, facilitando dessa forma o aprendizado, na medida em que terão maior possibilidade de apresentar textos que sejam relevantes e de interesse dos alunos. Além disso, as leituras realizadas em situações de ensino passarão a guardar maior proximidade com as práticas sociais de leitura.
Parte-se de uma concepção de que leitura é, ao mesmo tempo, uma prática social, um processo interativo entre autor e leitor mediado pelo texto e uma atividade cognitiva. Para a análise da leitura como prática social, recorre-se principalmente às ideias de Chartier & Cavallo. Para as relações sociais e interativas de professores, fundamenta-se em Tardif & Lessard, Hargreaves e Charlot. Para a análise dos modos de agir de professores e suas práticas sociais, aporta-se em Bourdieu, Bourdieu & Passeron, Certeau e Nóvoa. Em Lencastre, Smith e Solé, buscaram-se os fundamentos para a compreensão dos aspectos cognitivos e metacognitivos da leitura.
            Os resultados da pesquisa obtidos até agora mostram que, quanto a livros, as leituras mais citadas foram: Literatura Brasileira (83%); Literatura Estrangeira (49%) e Pedagogia (44%) e as menos citadas foram Policiais (11%); Técnicos e científicos (16%) e Culinária (16%). Jornais, revistas e páginas da web apresentaram alto índice de leitura: 69%, 83% e 74%, respectivamente.


A arte de escrever

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer." (Graciliano Ramos, em declaração a uma entrevista em 1948)

Concordância

Eu estava lendo uma frase “Foi destas necessidades e experiências que nasceu o desejo...” e surgiu a discussão entre mim e uma colega sobre o verbo em destaque. Está correto ou seria Foram já que fica claro que são dois motivos?
Nessa frase temos um caso de concordância com a expressão de realce é que. Veja a explicação a seguir (isso está em nossa obra Curso Prático de Gramática, p.342).
Concordância com a expressão de realce é que
Na linguagem do dia a dia, é comum enfatizar um termo da oração com a expressão denotativa de real é que (ou suas variações).
Paulo é que propôs um acordo para acabar com o problema.
No exemplo, a expressão é que não exerce função sintática alguma, foi somente empregada para dar realce ao sujeito Paulo, tanto que pode ser eliminada da frase sem prejuízo algum ao sentido:
Paulo propôs um acordo para acabar com o problema.
Mesmo se tratando de uma expressão de realce, o emprego de é que deve obedecer às regras de concordância. Acompanhe a seguir como se processa a concordância do verbo ser dessa expressão.
1. Quando a expressão é que enfatiza o sujeito ou o objeto direto, o verbo ser deve concordar com esses termos:
São esses alunos que resolveram aqueles exercícios na última semana. (O termo enfatizado é o sujeito esses alunos.)
São aqueles exercícios que os alunos resolveram na última semana. (O termo enfatizado é o objeto direto aqueles exercícios.)
2.Quando a expressão é que enfatiza qualquer outra função sintática, o verbo ser deverá ficar invariável:
É em momentos difíceis que se conhecem os verdadeiros amigos.
(A expressão é que enfatiza o adjunto adverbial em momentos difíceis.)
É de jogadores talentosos que o time precisa para ser campeão. (A expressão é que enfatiza o objeto indireto de jogadores talentosos.)
3. Quando empregamos a expressão é que, normalmente não utilizamos a vírgula que separa a circunstância colocada no início da frase:
Com muito trabalho, conseguiremos bons resultados.
É com muito trabalho que conseguiremos bons resultados.
4. A expressão é que pode aparecer não só no plural  (são que), mas também  em vários tempos, de acordo com outro(s) verbo(s) da frase:
Era naquele lugar que ele passava as férias de verão.
Será em Berlim que se realizarão os Jogos Olímpicos.
Na frase enviada, foi que é expressão expletiva (ou de realce). Veja que podemos tirá-la da frase: 
Destas necessidades e experiências nasceu o desejo.
Ou na ordem direta: 
O desejo nasceu destas necessidades e experiências.
A função sintática de destas necessidades e experiências é adjunto adverbial (o verbo nascer é intransitivo).
A expressão foi que enfatiza uma função sintática que não é nem sujeito, nem objeto direto, portanto fica invariável.
A frase está, portanto, correta.




Distinção entre metonímia e sinédoque
 Muitas pessoas me têm perguntado se metonímia e sinédoque são uma só figura de linguagem ou se há distinção entre elas. Essa pergunta é relevante, pois em alguns livros não se faz a diferença entre essas duas figuras, enquanto outros as classificam como duas figuras diferentes.
          Na metonímia e na sinédoque, ao contrário do que ocorre com a metáfora, a mudança de significado não requer a transposição de um domínio para outro. Nelas, há entre os termos uma relação real e direta, caracterizada pela proximidade. Na metáfora, uma coisa lembra outra porque guarda com ela traços de similaridade. Na metonímia e na sinédoque, um conceito não lembra outro, não há transposição de domínio, não há comparação. Um conceito implica outro porque guarda com ele uma relação direta e real de contiguidade. Por isso a interpretação de uma metonímia ou de uma sinédoque requer menos esforço por parte do intelocutor do que a de uma metáfora, já que nesta a transposição de significado é subjetiva e naquelas, objetiva.
          Considera-se a figura como sinédoque quando a relação entre os termos é quantitativa, ou seja, pela sinédoque alarga-se ou reduz-se a significação da palavra. As relações entre os termos são basicamente as seguintes: parte pelo todo, singular pelo plural, gênero pela espécie, o particular pelo geral (ou vice-versa).
          Considera-se a figura como metonímia, quando a relação entre os termos é qualitativa. Na metonímia, há uma implicação entre os conceitos que decorre de uma relação de contiguidade entre eles. As relações entre os termos são, por exemplo, a causa pelo efeito, o continente pelo conteúdo, o autor pela obra, o lugar pelo produto, o instrumento pela pessoa que o utiliza etc.
          Como se pode notar, a diferença entre metonímia e sinédoque é bastante sutil e a distinção entre elas não é de todo relevante. Como o conceito de metonímia abarca o de sinédoque, a maioria dos autores prefere não mais fazer distinção entre essas duas figuras, optando usar o nome metonímia para designar as figuras de linguagem em que a transposição de significado decorre de uma relação contiguidade material ou conceitual entre os termos.
          Em nossos livros, não fazemos a distinção entre metonímia e sinédoque, por considerá-la irrelevante, reservando a palavra metonímia para designar toda figura de linguagem em que uma palavra é empregada no lugar de outra por haver entre elas uma relação lógica de proximidade.
Educação Linguística
Falar em Educação Linguística é, antes de mais nada, inserir-se numa teia desaberes, é estabelecer relações multidisciplinares. Longe está a época em que o professor  de língua materna devia apenas ter domínio da disciplina que ministra. Os tempos atuais exigem não apenas que o professor tenha o domínio de um conhecimento específico (linguístico, gramatical, discursivo), mas também que agregue a esse saber conhecimentos, sobretudo, de pedagogia e psicologia. Em síntese: espera-se que professor de língua materna agregue ao saber científico ( o conhecimento linguístico) o saber pedagógico. 

Quando falamos em Educação Linguística, pensamos também no papel social do professor, que não deve ser visto como um mero reprodutor de um saber instituído (o habitus, de Bourdieu), mas como um agente que exerce, além de um papel pedagógico, um papel social. É sabido que não se pode conceber ensino / aprendizagem fora do contexto psicossocial em que ocorre. A Educação Linguística deve, pois, possibilitar que, na interação ensinante / aprendente, aquele contribua de modo decisivo para o desenvolvimento deste, dotando-lhe de saberes necessários que contribuam para sua inserção social  e, para isso, a competência linguística tem decisivo papel na formação do aprendente-cidadão na medida em que lhe facilita os processos de interação social.
   
Há de se considerar que a consecução desse objetivo deve estar atrelada a uma mudança de foco na relação ensino / aprendizagem. O aprendente deve ser visto como sujeito ativo da relação e não como tábula rasa em que se impingem conteúdos, ou seja, para a Educação Linguística, o foco do processo pedagógico deixa de ser o professor para centrar-se no aprendente, visto como sujeito social crítico, autônomo e capaz de se apropriar de saberes, bem como deconstruí-los. Para tanto, o professor deverá estar bem preparado e ser capaz de fazer transposições didáticas de um conhecimento científico que ele detém e que lhe dá suporte para situações concretas de inter-relação em sala de aula.
   
Como o próprio processo ensino / aprendizagem, a Educação Linguística não deve ser vista como algo pronto, dado; mas como algo em desenvolvimento (trata-se de uma área de pesquisa). O desenvolvimento das ciências da linguagem, sobretudo em vertentes representativas como a linguística textual, análise crítica do discurso, linguística cognitivo-funcional e o desenvolvimento das teorias psicológicas, particularmente o construtivismo, aliado a conceitos como transposição didática, contrato de didático, obstáculo epistemológico, engenharia didática fornecem à Educação Linguística o suporte para que ela atinja seus objetivos.
Linguagem e ensino

Refletir sobre a linguagem implica apoiar-se num tripé: palavra, frase, texto (discurso). Historicamente, os estudos sobre a linguagem centravam-se na palavra e sua classificação. Na cultura ocidental, as primeiras reflexões sobre a palavra podem ser encontradas nos pré-socráticos, em Platão e em Aristóteles. O estudo da palavra como elemento essencial e caracterizador da linguagem humana está também na base dos estudos retóricos e gramaticais. Na medida em que a palavra orienta a reflexão sobre a linguagem, a questão do sentido passa a ser capital.
Num momento seguinte e bastante influenciado pela lógica formal, o foco volta-se para as relações lógicas que se estabelecem entre palavras formando frases. O foco dos estudos linguísticos centrados na frase dá nova orientação à gramática, que passa ser uma gramática da frase. O estudo da organização dos enunciados possibilita um desenvolvimento dos estudos retóricos, vistos como arte de persuadir, e estilísticos. Ressalte-se, no entanto, que a reflexão sobre a frase (sentença, oração, proposição) não é característico exclusivo daquilo que se convencionou chamar de uma abordagem tradicional, na medida em que a reflexão sobre como se organizam as sentenças está na base da teoria de Chomsky. No entanto, não há como negar que o estudo da língua a partir de frases predominou (e ainda predomina em larga escala) no ensino de língua materna nas nossas escolas.
Apenas mais recentemente, e graças aos avanços da Linguística, particularmente da Linguística Textual e da Análise do Discurso, as reflexões sobre a linguagem estenderam-se para o texto e para o discurso. Os estudos da pragmática e da teoria da enunciação também contribuíram no sentido de que a reflexão sobre a linguagem extrapolasse a materialidade do texto e passasse a dar conta de suas condições de produção e recepção. Questões relativas ao papel dos interlocutores e sua posição social, contexto cognitivo, gênero e superestrutura textual passaram a fazer parte não só da agenda de linguistas e pesquisadores, mas também de parte dos docentes.
Isso teve impacto até mesmo naquela parte do estudo de língua mais refratária a mudanças: a gramática. A questão das condições de produção do texto associada ao papel dos interlocutores acarretou uma mudança até mesmo no conceito de norma padrão. Nesse sentido, não se pode negar a grande contribuição da Sociolinguística e da Análise da Conversação.
Entendemos que o trabalho com a linguagem em situações de ensino e aprendizagem deve privilegiar a língua em uso, portanto a matéria-prima do professor deve ser o texto. No entanto, isso não deve implicar que o professor deixe de lado o estudo da palavra, sobretudo, destacando seu papel semântico e da frase, como forma lógica de estruturação de enunciados portadores de sentido. Para nós, é fundamental que o docente tenha bem clara sua concepção de linguagem  para se voltar para um trabalho que discuta a linguagem (palavra, frase, texto) em situações concretas de uso, no sentido de desenvolver não só a competência linguística do estudante, mas também sua competência textual, fazendo dele um proficiente leitor e produtor de textos.

Preparação ao preparamento?
 Um leitor nos mandou um e-mail com a seguinte dúvida: "Quando devemos usar a terminação “ação” ou a terminação “mento”. Exemplo: preparação ou preparamento; cogitação ou cogitamento? Pergunta ele: existe uma regra, ou só consultando o dicionário mesmo?" Abaixo reproduzo a resposta que enviei a ele.
      A questão do emprego de sufixos é muito mais uma questão de uso do que de regra. O jeito mais simples é consultar um dicionário, já que a regra está ligada à etimologia (e nem sempre funciona). Isso não ocorre apenas com os sufixos por você mencionados. Veja: -ista, ou –ense, ou -ano? Por que é palmeirense e não palmeirista? Flamenguense ou flamenguista? Para São Paulo, usamos –ista (para o estado); -ano (para a cidade) e –ino(para o time de futebol). Não há uma regra.      
     No caso de sãopaulino, paulista, paulistano, usam-se sufixos diferentes para distinguir um adjetivo de outro. Mas palmeirense no lugar de palmeirista, ambos podiam ser escolhidos. Escolheu-se –ense, que se fixou com o uso.
     Quanto aos sufixos –ação e –mento, os verbos latinos da 1ªconjugação formam substantivos em –ação:
     anunciar – anunciação
     acelerar - aceleração
     atuar – atuação
     lotar – lotação
     Ocorre que essa regra não funciona sempre. Veja:
     casar – casamento
     julgar – julgamento
     licenciar – licenciamento
    Há substantivos que podem ser grafados indiferentemente com os dois sufixos: agravação / agravamento; medicação / medicamento; averbação / averbamento.
    Os substantivos correspondentes a verbos que não provieram da 1ª conjugação latina devem receber o sufixo –mento:
    abastecer – abastecimento
    desaparecer – desaparecimento
    render – rendimento
    polir – polimento
    sofrer - sofrimento
    Mas também aqui há exceções:
    extinguir – extinção
    partir – partição
    corrigir - correção
    conter – contenção
    lamber – lambeção
   mexer – mexeção
   Em face isso, é mais fácil consultar o dicionário em caso de dúvida.
O conceito de norma
A gramática normativa, procurando estabelecer, entre vários, um determinado uso, que se convencionou denominar de padrão ou culto, não nos mostra a língua como ela é, mas sim como deveria ser. E, entre o que a língua é e como deveria ser, há um verdadeiro abismo. Por outro lado, estando no campo do dever ser e não do ser, a gramática normativa não é, como a linguística, uma ciência. A gramática normativa, por não ser uma ciência, não tem a preocupação de mostrar como funciona a língua, quais são as regras intrínsecas, aquelas que nos permitem a formação de frases possuidoras de sentido. Isso cabe à linguística, que é o estudo científico da linguagem humana.
A gramática normativa apresenta características semelhantes aos códigos de natureza ética ou moral, que nos impõem o que devemos ou não fazer, o que é permitido e o que proibido. As normas que prescreve têm caráter imperativo, isto é, obrigam, daí podermos dar a elas a forma de mandamentos:
Nunca comece uma frase por pronome oblíquo átono.
Acentue graficamente todas as palavras proparoxítonas.
Faça o verbo concordar com seu sujeito.
Não dê o mesmo complemento a termos de regências diferentes
Assinale com o acento grave a fusão de dois aa.
etc.
  Funcionando como uma espécie de guia de conduta, de um receituário, as normas têm função de impor um comportamento padrão, ou seja, espera-se que todos obedeçam àquele imperativo. Elas são estabelecidas pela sociedade para serem cumpridas. Não se cria umanorma para que ela só fique no papel.
Na vida social, existem inúmeros tipos de norma: as normas de natureza religiosa (os mandamentos, por exemplo), as normas jurídicas (as leis, os decretos), as normas de etiqueta, as normas de trânsito, as normas de utilização do espaço urbano, as normas gramaticais etc. Para que seja eficaz, isto é, para que produza efeito, a norma deve estar adequada ao fato social que visa regular e conter uma sanção, ou seja, uma punição que vise a garantir que aquilo que ela determina venha a ser cumprido.
Norma e fato social andam juntos, sendo que a primeira visa regular o segundo. Como os fatos sociais mudam, as normas deveriam acompanhar essa mudança a fim de espelhá-los com a máxima fidelidade, sob pena de perderem a sua função. Fatos novos vão determinar o surgimento de novas normas.
Aceitamos tranquilamente uma norma que proíbe matar alguém, porque a nossa tradição religiosa e cultural repele esse tipo de comportamento e a punição para o seu descumprimento é rigorosa.
A sanção é o elemento que visa garantir o cumprimento da norma. Aquele que transgride uma norma jurídica (mata alguém, por exemplo) é punido com uma pena (reclusão de seis a vinte anos). No entanto a sanção, mesmo quando rigorosa, não impede sua transgressão. Homicídios, estacionamento em lugares proibidos, pessoas dirigindo sem cinto de segurança, falando ao celular, ou até mesmo embriagadas ocorrem com frequência, embora esses comportamentos sejam rigorosamente punidos com altas multas ou mesmo com a prisão do infrator.
Uma norma como: “Homem não usa joia. Talvez um anel com as armas da família” não possui eficácia alguma, por não mais refletir um fato social aceito pela comunidade, pois nos dias de hoje muitos homens usam joias – inclusive brincos –, e por não implicar nenhuma sanção. Um homem pode, hoje em dia, pelo menos nos grandes centros urbanos, andar pelas ruas com brinco, sem que isso implique alguma sanção social, ou seja, a pessoa não mais será objeto de deboche ou de risos.
A norma que impede os homens de usarem joias envelheceu, pois não mais reflete o fato social e, em consequência, perdeu sua eficácia. É digno de nota que no enunciado daquela norma ainda se fala em “anel com as armas da família”. Podemos comparar essa norma com aquela estabelecida pela gramática normativa que obriga o uso da mesóclise (convidar-me-ão, revelar-nos-iam), que efetivamente envelheceu e não mais representa um uso efetivo da língua.
É importante que, para ter eficácia, a norma reflita o fato social da maneira como ele ocorre no momento em que a regra foi formulada, por isso é fundamental que a norma seja sempre revista para que ela esteja adequada ao fato que normatiza. A norma que pune motoristas que dirigem embriagados teve de ser reformulada para adequar-se a uma nova realidade social, o aumento de acidentes envolvendo motoristas alcoolizados.
As regras estabelecidas pela gramática normativa são pouco eficazes, uma vez que não refletem de modo adequado o fato social que normatizam ( o uso concreto que os falantes fazem da língua, mesmo em textos escritos, é diferente do que agramática normativa preconiza, lembremo-nos do caso da mesóclise já citado) e porque a transgressão a elas, na maioria das vezes, não implica sanção alguma. Geralmente, só obedecemos à norma gramatical em circunstâncias bem definidas, como é o caso das situações em que se requer um uso formal da linguagem.

O Acordo Ortográfico e as letras k, w e y
Com a entrada em vigor do  Acordo Ortográfico de 1990 algumas questões começam a ser levantadas por professores de língua portuguesa. Uma delas, bastante interessante, que me foi apresentada é a seguinte: as letras k, w e y, que agora fazem parte de nosso alfabeto, são vogais, consoantes ou semivogais?

Em primeiro lugar é bom deixar claro que letras não são vogais, nem semivogais, nem consoantes, mas representam fonemas vocálicos, semivocálicos e consonantais. Pelo acordo, incluíram-se mais três letras no alfabeto (k, w e y), mas os fonemas da língua portuguesa continuam os mesmos, ou seja, não se acrescentou nenhum fonema à língua portuguesa. O uso dessas letras também continua sendo o mesmo (nomes estrangeiros, abreviaturas, símbolos etc. ), ou seja, quase nada mudou. A única coisa que muda é que elas agora passam a fazer parte de nosso alfabeto. A questão proposta é pertinente: Se as letras representam fonemas e estes se classificam em vogais, semivogais e consoantes, que tipo de fonema representam as letras k, w e y?

Para resolver essa questão, devemos sempre levar em conta o som (fonema) que essas letras representam. Comecemos pelo k, que representa a consoante /k/: Kátia, kart, kantismo etc.

O w pode tanto representar o fonema vocálico /u/ (Wilson, windsurfe etc.) como o fonema consonantal /v/ (Wágner, Walita etc.).

O y é um pouco mais complicado. Tudo depende de como ele se comporta na sílaba. Se for base de sílaba, classifica-se como vogal; se estiver apoiado numa vogal, é semivogal. Exemplo: office-boy (semivogal): em boy temos um ditongo decrescente (oy). Em chantily, derby, delivery temos uma vogal. Observem-se a separação silábica e a pronúncia: chan-ti-ly (xã-ti-li); der-by (dér-bi); de-li-ve-ry (de-lí-ve-ri).

O problema está em palavras como Yara e Yasmim, já que em palavras como essas ocorre flutuação de pronúncia, pois elas podem ser pronunciadas de duas maneiras: Ya-ra, Yas-mim ou Y-a-ra, Y-as-min, ou seja, ora o y se comporta como semivogal, ora como vogal. Esse é o mesmo fenômeno que ocorre com a letra i em encontros como ia-ie-io, em que o i ora é pronunciado como semivogal, ora como vogal. Mário pode ser pronunciado Má-rio (o i é semivogal) ou Má-ri-o (o i é vogal). Os encontros ia-ie-io (e outros) são flutuantes: co-lô-nia / co-lô-ni-a; sé-rie / sé-ri-e; e-xí-mio / e-xí-mi-o; Ia-ra / I-a-ra; Ias-mim / I-as-mim. Eu adoto a pronúncia em que esse fonema faz um ditongo, portanto classifico-o como semivogal, mas ressalvo que esses encontros podem ser pronunciados como hiato (então o i seria uma vogal). O nome técnico para isso é diérese (transformação de um ditongo em hiato). Como o y representa esses mesmos fonemas, a classificação será a mesma: Ya-ra (semivogal); Y-a-ra (vogal). Como se trata de diérese, eu considero a pronúncia normal como semivogal, mas admito que ele possa ser pronunciado como vogal. Em síntese: para o y, ocorre a mesma coisa com o i em palavras como abecedário, calvície, ciência.

Finalizando, chamamos a atenção que em palavras como byte e byroniano, a letra y não representa nem vogal, nem semivogal, mas um ditongo oral decrescente /ai /: bai-te;bai-ro-ni-a-no.

S.O.S. Português

Em quais situações deve-se usar a palavra "bastante" no plural?
A palavra bastante pode funcionar como adjetivo ou advérbio e isso interfere na sua flexão. Quando for adjetivo, admite flexão de número, concordando com o nome a que se refere. Nesse caso, pode ser substituída pela palavramuitos(as), quando anteposto ao nome, ou suficientes, quando posposto, como nos exemplos a seguir:
Bastantes pessoas compareceram à reunião. (=Muitas pessoas compareceram à reunião)
Havia bastantes razões para ele comparecer. (=Havia muitas razõespara ele comparecer)
As provisões foram bastantes para as férias. (As provisões foram muitaspara as festas)
Não há provas bastantes para condenar o réu. (Não havia provassuficientes para condenar o réu)

    Nesse caso, foge à norma padrão construções em que bastante não se flexiona para concordar com o substantivo a que se refere. Portanto frases como:
Havia bastante alunos na sala.
Compraram bastante brinquedos.
devem ser consideradas erradas, segundo a gramática normativa.
    Quando estiver se referindo a um verbo, adjetivo ou advérbio, a palavrabastante não deve ser flexionada, pois será classificada como advérbio, devendo permanecer no singular. Nesse caso, pode ser substituída sem alteração de sentido por muito (singular), como nos exemplos a seguir:
Elas falam bastante. (Eles falam muito)
Elas são bastante simpáticas. (Elas são muito simpáticas)
Elas chegaram bastante cedo. (Elas chegaram muito cedo).

Em síntese: bastante só deve ir para o plural quando for um adjetivo, concordando com o substantivo plural a que estiver se referindo. Como regra prática, sugerimos que se substitua a palavra bastante por muito. Quando a palavra muito admite plural, a palavra bastante deve ser flexionada no plural.
O que dissemos sobre o emprego de bastante, aplica-se à outras palavras que podem funcionar ora como adjetivo, ora como advérbio, como: caro, baratoe meio.


De acordo com a nova regra ortográfica, acentuam-se nomes próprios como Andréia e Galiléia? 

O sistema ortográfico anterior, de 1943, estabelecia que  "(...) para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assinatura a forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritos em registro público". O Acordo Ortográfico em vigor não alterou essa resolução, na medida em que, em sua Base XX, (Das assinaturas e firmas) estabelece que "(...) Para a ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público". Portanto, a grafia de nomes de pessoas físicas ou jurídicas deve ser feita de acordo com o que consta no registro público, mesmo que essa grafia contrarie as regras ortográficas vigentes. Esse princípio é o que justifica grafias como Andréia, Vanderléia (com acento), Angela, Heloisa, Petrobras, Corinthians, Omega, (sem acento); Cleuza, Neuza, Maizena, Correio Braziliense (com z em vez de s), Jornal do Commercio (com dois emes e sem acento).

Obsessão / Obcecado

O sistema ortográfico em português é misto, ou seja, algumas palavras são grafadas de acordo com o critério fonético - a pronúncia -, enquanto outras são escritas com base na etimologia. Obsessão, obcecar e obcecado são exemplos de palavras que seguem o critério etimológico, pois obedecem à grafia latina, de onde provieram. Ocorre que obcecado e obsessão não têm a mesma origem, ou seja, não provêm da mesma raiz latina, diferentemente de obcecar e obcecado. Esse último termo provém do latim obcaecatus, particípio de obcaecare, que significa "cegar, tornar cego". Já a palavra obsessão também vem do latim, mas de obsessione, cujo sentido original é "assédio, cerco, bloqueio". Em síntese, obcecado e obsessão têm origens diversas, daí as grafias diferentes. Outras palavras da língua portuguesa costumam despertar esse mesmo tipo de dúvida, como acender (atear fogo) e ascender (subir). A primeira provém do latim accendere, e a segunda, do latim ascendere. As duas têm exatamente a mesma pronúncia, mas são escritas de modo diferente porque a raiz delas não é a mesma. A melhor maneira de ter certeza sobre a grafia correta de uma palavra, então, é a consulta a um bom dicionário, em que se encontra também a origem dela.


Qual é a diferençaentre “se não” e “senão”?
De que classes de palavras estamos falando?
Quando se deve usar um ou outro?

Inicialmente,é preciso observar que, se escrevemos senão(separado), temos duas palavras (see não). Quando escrevemossenão (junto), temos uma única palavra.
Senão é conjunção alternativa eequivale a "caso contrário",ou conjunção adversativa, equivalendo a "mas", "porém",como se pode observar nos exemplos a seguir:
Devemos entregar o trabalho no prazo, senão o contrato será cancelado.(conjunção alternativa = caso contrário)
“Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade.” (Machado de Assis) (conjunção adversativa = mas, porém)
Senão também podefuncionar como preposição. Nesse caso, equivale a "com exceção de", "exceto",como se pode observar no exemplo a seguir:
Aquem, senão a ele, devo fazerreferência?

Senão também pode funcionar comosubstantivo masculino. Nesse caso, virá precedida de artigo ou outrodeterminante. Como substantivo, senãosignifica "falha", "mácula", "defeito". Nos exemplos a seguir, a palavra senão é substantivo.

Luciana só tem um senão.
Foi contratado porque não havia qualquer senão em seu currículo.

Devemosgrafar se não (separado) quandotivermos a conjunção seseguida doadvérbio não. A conjunção se pode ser tanto conjunçãocondicional, equivalendo a caso,quanto conjunção integrante. Nesse caso, estará introduzindo uma oração quefunciona como complemento de outra, como nos exemplos a seguir.

Se não chover, iremos acampar.
(conjunçãocondicional se + advérbio não)

Pergunteise não estavam atrasadas.
(conjunçãointegrante se + advérbio não )







Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e por isso terei você para sempre.


Não existe nada de completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado, consegue estar certo duas vezes por dia.


Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize o seu desejo.


No amor ninguém pode machucar ninguém; cada um é responsável por aquilo que sente e não podemos culpar o outro por isso... Já me senti ferida quando perdi o homem por quem me apaixonei... Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém... Essa é a verdadeira experiência de ser livre: ter a coisa mais importante do mundo sem possuí-la.


Podemos acreditar que tudo que a vida nos oferecerá no futuro é repetir o que fizemos ontem e hoje. Mas, se prestarmos atenção, vamos nos dar conta de que nenhum dia é igual a outro. Cada manhã traz uma benção escondida; uma benção que só serve para esse dia e que não se pode guardar nem desaproveitar.
Se não usamos este milagre hoje, ele vai se perder.
Este milagre está nos detalhes do cotidiano; é preciso viver cada minuto porque ali encontramos a saída de nossas confusões, a alegria de nossos bons momentos, a pista correta para a decisão que tomaremos.
Nunca podemos deixar que cada dia pareça igual ao anterior porque todos os dias são diferentes, porque estamos em constante processo de mudança.


Quantas coisas perdemos por medo de perder.
(Brida)


Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia...
(Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei)


Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela.


Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.


Quando alguém encontra seu caminho precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada.


Você foi a esperança nos meus dias de solidão,a angústia dos meus instantes de dúvida, a certeza nos momentos de fé.


O guerreiro da luz aprendeu que Deus usa a solidão para ensinar a convivência. Usa a raiva para mostrar o infinito valor da paz. Usa o tédio para ressaltar a importância da aventura e do abandono. Deus usa o silêncio para ensinar sobre a responsabilidade das palavras. Usa o cansaço para que se possa compreender o valor do despertar. Usa a doença para ressaltar a benção da saúde. Deus usa o fogo para ensinar sobre a água. Usa a terra para que se compreenda o valor do ar. Usa a morte para mostrar a importância da vida.


Não devemos julgar a vida dos outros, porque cada um de nós sabe de sua própria dor e renúncia. Uma coisa é você ACHAR que está no caminho certo, outra é ACHAR que seu caminho é o único!


Tudo que acontece uma vez poderá nunca mais acontecer, mas tudo o que acontece duas vezes, certamente acontecera uma terceira.


Um ancião índio norte-americano, certa vez, descreveu seus conflitos internos da seguinte maneira:
- Dentro de mim há dois cachorros. Um deles é cruel e mau. O outro é muito bom, e eles estão sempre brigando.

Quando lhe perguntaram qual cachorro ganhava a briga, o ancião parou, refletiu e respondeu:
- Aquele que eu alimento mais frequentemente.


Se você não acorda cedo, nunca conseguirá ver o sol nescendo. Se você não reza, embora Deus esteja sempre perto, você nunca conseguirá notar sua presença.



Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um 'sim' ou um 'não' pode mudar toda a nossa existência.
(Nas margens do Rio Piedra eu sentei e chorei)


Não tenha medo do sofrimento, pois nenhum coração jamás sofreu quando foi em busca dos seus sonhos.



Embora meu objetivo seja compreender o amor, e embora sofra por causa das pessoas a quem entreguei meu coração, vejo q aqueles q me tocaram a alma ñ conseguiram despertar meu corpo, e aqueles que tocaram meu corpo ñ conseguiram atingir minha alma.

Paulo Coelho


A possibilidade de realizarmos um sonho é o que torna a vida interessante.


A generosidade e a recompensa

por Paulo Coelho |
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Compadecido com a pobreza do rabino Jusya, Ephraim colocava diariamente algumas moedas debaixo da sua porta. E reparou que, quanto mais dava para Jusya, mais dinheiro ganhava.
Ephraim lembrou-se que o rabino Baer era mestre de Jusya, e pensou:
“Se sou bem recompensado ao dar para o discípulo, imagine o quanto ganharei se resolver apoiar o seu mestre”.
Viajou para Mezritch, e cobriu de presentes o rabino Baer. A partir daí, sua vida começou a piorar, e quase perdeu tudo.
Intrigado, procurou Jusya e contou o ocorrido.
“É muito simples”, disse Jusya. “Enquanto você dava sem pensar a quem recebia, Deus também fazia o mesmo. Mas quando você começou a procurar gente ilustre para fazer suas doações, Deus também passou a fazer a mesma coisa”.

Aceitando a compaixão

por Paulo Coelho |
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“Como purificamos o mundo?”, perguntou um discípulo.
Ibn al-Husayn respondeu:
Havia um sheik em Damasco chamado Abu Musa al-Qumasi. Todos o honravam por causa de sua sabedoria, mas ninguém sabia se era um homem bom.
Certa tarde, um defeito de construção fez com que desabasse a casa onde o sheik vivia com a sua mulher. Os vizinhos, desesperados, começaram a cavar as ruínas. Em dado momento, conseguiram localizar a esposa do sheik.
Ela disse: “Deixem-me. Salvem primeiro o meu marido, que estava sentado mais ou menos ali”.
Os vizinhos removeram os destroços no lugar indicado, e encontraram o sheik. Este disse: “Deixem-me. Salvem primeiro a minha mulher, que estava deitada mais ou menos ali”.
“Quando alguém age como agiu este casal, está purificando o mundo inteiro”.

Três golpes precisos

por Paulo Coelho |
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“Como posso saber a melhor maneira de agir na vida?”, perguntou o discípulo ao mestre.
O mestre pediu que construísse uma mesa.
O discípulo cravava os pregos com três golpes precisos. Um prego, porém, estava mais difícil, e o discípulo precisou dar mais um golpe. O quarto golpe enterrou o prego fundo demais, e a madeira foi atingida.
“Sua mão estava acostumada com três marteladas”, disse o mestre. “Você se acostumou com o que fazia, e perdeu a habilidade”.
Quando qualquer ação passa a ser apenas um hábito, ela deixa de ter sentido, e pode terminar causando dano. Cada ação é uma ação, e só existe um segredo: jamais deixe que o hábito comande seus movimentos.

Um novo passo em falso

por Paulo Coelho |
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Como nada muda da noite para o dia, o guerreiro dá um novo passo em falso e mergulha mais uma vez no abismo. Os fantasmas o provocam, a solidão o atormenta. Como agora tem mais consciência de seus atos, não pensava que isso fosse tornar a acontecer.
Mas aconteceu. Envolto pela escuridão, ele se comunica com seu mestre.
“Mestre, caí de novo no abismo”, diz. “As águas são fundas e escuras”
“Lembra-te de uma coisa”, responde o mestre. “O que afoga não é o mergulho, mas o fato de permanecer debaixo d´água”.
E o guerreiro usa o resto de suas forças para sair da situação em que se encontra.

Do Guerreiro

por Paulo Coelho |
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O texto abaixo (originalmente escrito sob a forma de poesia) é do escritor e publicitário Mauro Salles:
“O guerreiro da luz se escondeu na floresta,
e abençoou a sombra acolhedora.
No regato, molhou as mãos cansadas, bebeu o necessário.
Ouviu o zumbido de abelhas, e o monocórdio canto dos grilos.
A pausa vai ser curta. Já partiram as flechas do seu arco, e percorrem os desvãos do entardecer.
Lá onde se escondem corações insensíveis, a centelha do amor fará milagres, transformando a face fria dos guerreiros sem alma”.

O guerreiro da luz e seus adversários

por Paulo Coelho |
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Comenta um sábio chinês sobre as estratégias do guerreiro da luz:
“Faça seu inimigo acreditar que não conseguirá grandes recompensas se decidir atacá-lo; desta maneira, você diminuirá seu entusiasmo”.
“Não tenha vergonha de retirar-se provisoriamente do combate, se perceber que o inimigo está mais forte; o importante não é a batalha isolada, mas o final da guerra”.
“Se você estiver bastante forte, tampouco tenha vergonha de fingir-se de fraco; isto faz seu inimigo perder a prudência, e atacar antes da hora.”
“Numa guerra, a capacidade de surpreender o adversário é a chave da vitória”.

Carregando o que já foi deixado para trás

por Paulo Coelho |
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Chu e Wu voltavam para casa, depois de uma semana de meditação no mosteiro. Conversavam sobre como as tentações se colocam diante do homem.
Chegaram à margem de um rio. Ali, uma bela mulher esperava para poder atravessar a correnteza. Chu pegou-a nos braços, carregou-a até a outra margem, e continuou sua viagem com o amigo.
A determinada altura, Wu disse:
“Conversávamos sobre a tentação, e você pegou aquela mulher no colo. Deu oportunidade para o pecado instalar-se em sua alma”.
Chu respondeu:
“Meu caro Wu, eu agi naturalmente. Atravessei aquela mulher, e deixei-a na outra margem do rio. Mas você continua carregando-a em seu pensamento – e por isso está mais próximo do pecado”.

As três coisas

por Paulo Coelho |
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Chen Ziqin perguntou ao filho de Confúcio: “Teu pai te ensina algo que não sabemos?”
O outro respondeu: “Não. Uma vez, quando eu estava sozinho, ele perguntou se eu lia poesias. Respondi que não, e ele mandou que lesse algumas, porque abrem na alma o caminho da inspiração divina.
Outra vez ele me perguntou se eu praticava os rituais de adoração de Deus. Respondi que não, e ele mandou fazer isto, pois o ato de adorar faria com que entendesse a mim mesmo. Mas nunca ficou me vigiando para ver se eu o obedecia”.
Quando Chen Ziqin retirou-se, disse para si mesmo:
“Fiz uma pergunta, e obtive três respostas. Aprendi algo sobre as poesias. Aprendi algo sobre os rituais de adoração. E aprendi que um homem honesto nunca fica vigiando a honestidade dos outros”.
por Paulo Coelho |
categoria Todas

Certo mensageiro foi enviado em uma missão urgente, para uma cidade distante. Colocou a sela em seu cavalo, e partiu a todo galope. Depois de ver passar várias hospedarias, onde sempre alimentavam os animais, o cavalo pensou:
“Já não paramos para comer em estrebarias, e isso significa que não sou mais tratado como um cavalo, e sim como um ser humano. Como todos os homens, creio que comerei na próxima cidade grande”.
Mas as cidades grandes passavam, uma após a outra, e seu condutor continuava a viagem. O cavalo então começou a pensar:
“Talvez eu não tenha me transformado em um ser humano, mas em um anjo, pois os anjos jamais necessitam de comida”.
Finalmente, atingiram o destino, e o animal foi conduzido até o estábulo, onde devorou o feno ali encontrado com um apetite voraz.
“Por que achar que as coisas mudam, se elas não seguem o ritmo de sempre?”, dizia para si mesmo. “Não sou homem nem anjo, mas apenas um cavalo com fome”.

O peso da glória

por Paulo Coelho |
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Certo guerreiro recebia uma medalha por cada batalha ganha. Os amigos admiravam sua coragem, e as mulheres adoravam seu carisma.
No final de alguns anos, as medalhas eram tantas que cobriam todo o seu uniforme. Numa tarde, no meio de um combate difícil, o guerreiro quase foi atingido pela espada de seu inimigo.
“Sempre fui o melhor, e hoje quase perdi”, pensou o guerreiro.
Mas logo percebeu o problema: o peso das medalhas não o deixava lutar com agilidade. Jogou a túnica do uniforme no chão, voltou ao campo de batalha, e derrotou seus inimigos.
“A vitória pode me dar confiança, mas não pode se transformar em um peso a ser carregado”.


A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tam pouco a sociedade muda.
Paulo Freire

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.
Paulo Freire
Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.
Paulo Freire
Não há vida sem correção, sem retificação.
Paulo Freire
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão
Paulo Freire
Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.
Paulo Freire
Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.Paulo Freire
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”
Paulo Freire
Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!
Paulo Freire
A Educação qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática.
"A Educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão poucoa sociedade muda"
Me movo como educador, porque,
primeiro, me movo como gente.
Paulo Freire
    Onde quer que haja mulheres e homens,há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender
Paulo Freire





Ler não é decifrar, escrever não é copiar
(Emilia Ferreiro)




"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino".
(Paulo Freire)
Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão.
Mas no fundo isso não tem muita importância.
O que interessa mesmo não são as noites em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre.
Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.”“.
(Shakespeare)


“O professor pensa ensinar o que sabe, o que recolheu nos livros e da vida, mas o aluno aprende do professor não necessariamente o que o outro quer ensinar, mas aquilo que quer aprender”.
(Affonso Romano de Sant’Anna)
"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere
na busca, não aprendo nem ensino".
(Paulo Freire)

“O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança
descobrir. Cria situações-problemas".
(Jean Piaget)

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende".
(Guimarães Rosa)

“Tão importante quanto o que se ensina e se aprende é como se
ensina e como se aprende".
(César Coll)

“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes
brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
(Paulo Freire)

“Não se pode falar de educação sem amor".
(Paulo Freire)

“O profissional que não lê livros e revistas de sua especialidade é um charlatão".
(Lauro de Oliveira Lima)

A educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana, com todos os seus poderes funcionando com harmonia e completa, em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a humanidade, como um todo, se elevando do plano animal e continuaria a se desenvolver até sua condição atual. Implica tanto a evolução individual quanto a universal".
(Friedrich Froebel)

“Não devemos transformar a mediocridade em valor de vida".
(Lauro de Oliveira Lima)

“Ler não é decifrar, escrever não é copiar".
(Emilia Ferreiro)
"Um livro pode ser nosso sem nos pertencer. Só um livro lido nos pertence realmente".
( Eno T. Wanke )
"De que adiantará um discurso sobre a alegria se o professor for um triste?”.
(Artur da Tabula)


"Educar é de certo modo transformar um animal humano em cidadão".
(Ferreira Goulart)
"O saber "entra" pelos sentidos e não somente pelo intelecto".
( Frei Bato )
"Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra".
( Anísio Teixeira )
"Ao brincar com a criança, o adulto está brincando consigo mesmo".
( Carlos Drummond de Andrade )
"As crianças têm uma sensibilidade enorme para perceber que a professora faz exatamente o contrário do que diz".
( Paulo Freire )
"Nenhum ser humano é bastante perfeito para ter o direito de matar aquele que considera como inteiramente nocivo".
( Gandhi )
"Procure ser um homem de valor em vez de procurar ser um homem de sucesso".
( Albert Einstein )
"O coração da criança é campo favorável à semeadura do bem"

"Se uma criança vive com aceitação e amizade aprende a encontrar o amor no mundo"
"Duvidar de tudo ou crer em tudo. São duas soluções igualmente cômodas, que nos dispensam, ambas de refletir!”.
( Henri Paincore )
" O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos."
( Rubem Alves ).
" Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas a se tornarem pessoas é muito mais importante do que ajudá-las a tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa que o valha.”.
(Carl Rogers)
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